terça-feira, 27 de novembro de 2012

Patologias Comuns em Pediatria Monilíase Infantil e Assistência de Enfermagem


Por: Luciana Silva
Texto do Trabalho de Pediatria para o curso de Enfermagem.

Monilíase Infantil
Resumo


        Destaca-se aqui a importância da prevenção e da correta profilaxia da monilíase em unidade de internação pediátrica, uma vez que está presente muitas vezes juntamente a um quadro de infecção respiratória e gástrica servindo de porta para mais infecção e complicações no quadro de saúde da criança. Assim sendo, os profissionais de enfermagem que estão observando a criança durante a anamnese com as mães diariamente têm um importante papel na educação em saúde para que essas mães contribuam com a quebra da cadeia de transmissibilidade desta patologia que, embora comum, pode agravar em muito o quadro de saúde da criança, uma vez que compromete sua aceitação alimentar e, em mães que amamentam ao seio, é uma porta de infecção  e reinfecção tanto para a criança, quanto para a mãe.
Introdução
        Dentre as doenças transmissíveis em Pediatria, a Monilíase é uma patologia muito frequente, principalmente nos lactentes, por serem mais imunodeprimidos (principalmente quando estão hospitalizados) e por déficits de higiene por parte de seus cuidadores (falta de lavagem das mãos antes e após cuidar da criança, não higienização dos mamilos antes de oferecer o seio à criança, falta de higienização oral na criança, além da transmissão vertical) são alguns dos fatores mais predisponentes à ocorrência dessa afecção, que embora muito frequente, não deve ser menosprezada pela equipe de saúde pois pode, quando não prevenida e/ou tratada, acarretar na não aceitação da dieta alimentar pela criança, devido ao grande desconforto causado pela afecção oral, o que empobrecerá sua reserva nutricional e mesmo quando a infecção for na região perineal causa grande desconforto que tornará também a criança irritada e chorosa, além de ser porta de infecção, que, principalmente em crianças que já estão hospitalizadas, é um risco maior ainda para a piora da saúde da criança. Assim sendo, com o olhar holístico sobre a criança que apresenta esta afecção, deve-se considerar "quais fatores bio-psico-sociais predisponentes estão presentes?" _ patologias associadas, conhecimento da mãe-acompanhante sobre a patologia, medidas de higiene realizadas, terapêutica administrada _ olhando a interação criança(paciente) e mãe(responsável acompanhante) versus equipe de saúde multidisciplinar.
O que é Monilíase Infantil _ Descrição:
        A Monilíase Infantil, também conhecida por Candidíase, e quando na boca pelo nome popular de "sapinho" é um tipo de micose (doença causada por um fungo) que atinge a superfície cutânea e/ou membranas mucosas, que pode resultar em vários tipos de micose: Monilíase Oral (muito comum em lactentes, prejudicando sua alimentação em uma das fases de desenvolvimento mais importante), Monilíase ou Candidíase Vaginal, Monilíase cutânea, Intertrigo, Paroníquia, Impetigo, entre outras. A Monilíase Oral é o tipo de monilíase mais comum em lactentes, conhecida popularmente como "sapinho" é a monilíase que acomete a cavidade oral, há ainda a monilíase perineal e vulvovaginal em meninas.

Fisiopatologia

        Alteração na resistência do cliente à infecção, imunodepressão e uso de antibióticos propiciam a proliferação súbita de cândida ou monília.

Agente Etiológico

        Fungos da espécie Candida albicans. Este fungo vive normalmente no intestino e nos órgãos genitais femininos, porém em uma quantidade que não causa doença. Em certas situações, porém, eles começam a se proliferar e provocam a monilíase oral (na cavidade oral), perineal e/ou vulvovaginal com corrimento e sintomas de vulvovaginite.O fungo Candida albicans, antes denominado Monilia. Geralmente, a Candida infecta a pele e as membranas mucosas (p.ex., revestimento da boca e da vagina). Raramente, ela invade tecidos profundos ou o sangue, causando uma candidíase sistêmica potencialmente letal. Essa infecção mais grave é comum entre os indivíduos com depressão do sistema imune (p.ex., indivíduos com AIDS e aqueles submetidos à quimioterapia). A Candida é um habitante normal do trato digestivo e da vagina e, normalmente, não causa qualquer dano.
        Quando as condições ambientais são particularmente favoráveis (p.ex., tempo úmido e quente) ou quando as defesas imunes do indivíduo encontram-se comprometidas, o fungo pode infectar a pele. Como os dermatófitos, a Candida cresce bem em condições quentes e úmidas. Às vezes, os indivíduos que fazem uso de antibióticos apresentam infecções por Candida, pois os antibióticos matam as bactérias que normalmente habitam nos tecidos, permitindo que a Candida cresça sem qualquer resistência. O uso de corticosteróides ou um tratamento com imunossupressores após um transplante de órgão também pode deprimir as defesas do organismo contra as infecções fúngicas. As mulheres grávidas, os indivíduos obesos e os diabéticos também apresentam uma maior probabilidade de serem infectados pela Candida.
Tipos de Monilíase mais comuns em pediatria
·         Monilíase Oral ("sapinho";

·         Monilíase vulvo-vaginal ou perineal ("dermatite das fraldas");

·         Monilíase cutânea (Intetrigo);

·         Monilíase Disseminada;
        A forma mais comum de Monilíase que encontramos em pediatria é a oral ou pseudomembranosa, caracterizada por placas brancas removíveis na mucosa oral. Outra apresentação clínica é a forma atrófica, que se apresenta como placas vermelhas, lisas, sobre o palato duro ou mole. Também a monilíase vulvo-vaginal caracteriza-se pela presença de leucorréia e placas cremosas esbranquiçadas, na vulva e mucosa vaginal. O intertrigo atinge mais freqüentemente as dobras cutâneas, nuca, virilhas, regiões axilares, inframamária e interdigitais. A irritação e maceração da pele, provocada pela urina e pelas fezes na área das fraldas, favorecem o desenvolvimento da levedura que provoca eritema intenso nas áreas de dobras cutâneas, com lesões eritemato-vésicopustulosas na periferia (lesões satélites).
        A Monilíase disseminada ocorre em recém-nascidos de baixo peso e hospedeiros imunocomprometidos, podendo atingir qualquer órgão e evoluir para óbito por complicações que levam à falência dos rins, cérebro, trato GI, olhos, pulmões e coração. A disseminação hematogênica pode ocorrer em pacientes neutropênicos, conseqüente ao uso de sondas gástricas ou catéteres intravasculares, atingindo diversos órgãos ou prótese valvular cardíaca.
Sinais e Sintomas da Monilíase Infantil
       A moníase Infantil mais comum é a do tipo oral, é uma infecção por Candida localizada no interior da boca, seus sinais e sintomas são a língua e a cavidade oral esbranquiçadas e com manchas brancas arredondadas na língua, bochecha e palato, são placas brancas com aspecto de nata de leite ou coágulos de leite que, quando removidos, revelam uma base eritematosa (avermelhada), causa grande desconforto que dificulta a alimentação da criança no peito ou não, causa perda de apetite e recusa até de água; outros efeitos são vômitos, irritabilidade e insônia.

        Os sintomas variam de acordo com a localização da infecção. As infecções nas pregas cutâneas (infecções intertriginosas) ou no umbigo causam freqüentemente uma erupção vermelha, muitas vezes com placas delimitadas que exsudam pequenas quantidades de um líquido esbranquiçado. Pode ocorrer a formação de pequenas pústulas, especialmente nas bordas da erupção, e a erupção pode ser pruriginosa ou produzir uma sensação de queimação. Uma erupção por Candida em torno do ânus pode ser pruriginosa, deixar a pele em carne viva e apresentar uma coloração esbranquiçada ou vermelha. As infecções vaginais por Candida (vulvovaginite) são comuns, especialmente em mulheres grávidas, em diabéticas ou naquelas que estão fazendo uso de antibióticos. Os sintomas dessas infecções incluem uma secreção vaginal branca ou amarela, uma sensação de queimação, prurido e hiperemia ao longo das paredes e na área externa da vagina, tanto em mulheres quanto em meninas.

        Ainda entre os achados físicos, há dor no flanco, disúria, hematúria, urina turva com cilindros. Cefaléia, rigidez da nuca, convulsões, déficits neurológicos focais.

Sinonímia da Monilíase Candidíase, sapinho.

 
Etiologia da Monilíase
Candida albicans, Candida tropicalis e outras espécies de Candida. A Candida albicans causa a maioria das infecções.

Reservatório da Monilíase

O homem. A monilíase ,como também pode ser conhecida, ocorre em todo o mundo. O fungo C. albicans pertence a flora humana normal da cavidade oral; do trato gastrintestinal e da vagina.Também pode ser isolada do solo; do ambiente hospitalar, dos alimentos e de outros substratos.
Modo de Transmissão da Monilíase
Atrito, calor e umidade facilitam o desenvolvimento do fungo já existente nas mucosas ou pele. O contato com secreções originadas da boca, pele, vagina e dejetos de portadores ou doentes. A transmissão vertical dá-se da mãe para o recém-nascido, durante o parto. Pode ocorrer disseminação endógena.
Período de Incubação
Desconhecido.
Período de Transmissibilidade
Enquanto houver lesões.
Complicações da Monilíase
Esofagite, endocardite, ou infecção sistêmica, mais comum em imunodeprimidos, diabéticos ou portadores de doenças que ocasionam anemias graves com queda da resistência, disseminação com falência renal, cerebral, trato GI, olhos, pulmões e coração em prematuros e neonatos ou lactentes imunodeprimidos.
  Diagnóstico da Monilíase
Monilíase Oral
        Além do aspecto clínico, visualização de leveduras e pseudo-hifas em exame microscópico de esfregaço da lesão, preparado com hidróxido de potássio a 10%. As culturas permitem a identificação da espécie.

Tratamento da Monilíase
Monilíase Infantil  Tratamento

        Qualquer medicamento deve ser prescrito pelo médico pediatra que avaliará o caso específico da criança. Os medicamentos mais comumente usados são a Nistatina, o Fluconazol e o Cetoconazol nas dosagens que apenas o médico prescreve.

Cuidados ou Tratamento Geral

Tratar infecção predisponente;
        Medicar com antifúngicos, segundo prescrição médica, tais como: Anfotericina B, anestésicos tópicos
Orienta-se a desinfecção concorrente das secreções e artigos contaminados.
        Sempre que possível, deverá ser evitada antibioticoterapia prolongada de amplo espectro.
 
Cuidados de Enfermagem
        A enfermagem atua para que o tratamento traga o desfecho esperado para o cliente pediátrico:
·         O paciente deverá manifestar maior conforto, aceitando melhor a alimentação e demonstrando menos irritabilidade;       ·         Evitar complicações ou tê-las minimamente, uma vez que crianças pequenas são mais imunodeprimidas;
·         Manter a integridade cutânea;
      ·         Orientar a mãe para que esta compreenda a patologia e seu tratamento;
·         Aborde junto a mãe o distúrbio, o diagnóstico e o tratamento, boas práticas de higiene oral e corporal;
·         Para a mulher no terceiro trimestre de gestação, a necessidade de exame para determinar vaginite a fim de proteger o neonato da monilíase oral ao nascimento;
      ·         Administrar os fármacos prescritos;
·         Monitorar os SSVV do paciente;
      ·         Balanço hídrico em casos de suspeita de comprometimento renal;
·         Monitorar os marcadores sanguíneos da função renal e hepática, principalmente am RN's de baixo peso ao nascer e/ou com infecção que os torna predisponentes à complicações por monilíase (uréia, cretinina sérica, proteínas na urina e potássio).

         Cuidados específicos devem ser tomados com uso de cateter venoso, como troca de curativos a cada 48 horas e uso de solução à base de iodo e povidine;
O tratamento deve ser bem rápido, pois a alimentação insuficiente em casos de monilíase oral e mesmo de outros tipos (pois torna a criança irritada e inapetente) compromete as necessidades de hidratação e de nutrientes;
        Casos mais severos de acometimento podem requerer antifúngicos líquidos, que devem ser passados delicadamente com algodão na região afetada ou esguinchados com conta gotas na cavidade oral daqueles acometidos;
Se as mães estiverem com os mamilos dos seios contaminados pelo fungo (normalmente com fissuras) elas devem usar antifúngicos tópicos, porém, antes de aplicar a medicação, a mulher deverá ordenhar seu leite e administrá-lo à criança através de copinho ou colher;
Limpar as lesões com uma gase embebida em solução de bicarbonato de sódio 2% ou solução líquida de nistatina nos casos mais graves, sempre após as alimentações;
        Após realizar os cuidados, registre-os cuidadosamente no impresso correspondente para anotação de enfermagem.

Conclusão
        O conhecimento sobre a fisiopatologia da monilíase em pediatria é fundamental para a profilaxia e correta terapia desta afecção fungica que, segundo estudos é muito prevalente em crianças, já que este é um grupo imunodeprimido, principalmente os RN's e os prematuros, pois a monilíase é, basicamente, uma afecção oportunista que só acomete pessoas com a imunidade prejudicada, seja pela imaturidade seja por outra patologia que requeira antibióticoterapia de amplo espectro, e, por tanto, cabe aos profissionais de Enfermagem orientarem as mães sobre como prevenirem e/ou tratarem corretamente, fornecendo-lhes as devidas informações sobre o distúrbio, o diagnóstico e o tratamento, ressaltando que, uma afecção que é vista popularmente como "comum", pode, em certos casos, disseminar-se de forma grave e sistêmica, atingindo órgãos importantes como os rins e pulmões, complicando muito o quadro de saúde desta criança.


 

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