A Rediluição é utilizada no preparo de medicações em Neonatologia e Pediatria pois são prescritas doses que são calculadas por meio do peso ou da superfície corporal da criança e que, portanto, não estão comercialmente disponíveis para uso, precisam ser preparadas rediluindo-se a medicação.
O que é rediluição?
Rediluir consiste em diluir o medicamento dentro do padrão de costume, depois, avaliar quanto contém em cada 1 ml, aspirar esse 1ml e redilui-lo em 9 ml de água destilada, quantas vezes forem necessárias para que possamos aspirar a dose prescrita com exatidão.
Exemplo:
Temos criança de 3 meses com 4kg internada em unidade pediátrica com quadro de IRA (infecção respiratória aguda). A PM é de Penicilina Cristalina 30.000UI (lê-se "trinta mil unidades internacionais"). Temos frasco de Penicilina Cristalina de 5.000.000 (lê-se "cinco milhões de unidades internacionais") Percebe como a dose é pequena em relação ao volume disponível? então, como proceder?
1o Passo:
Vamos diluir o conteúdo do frasco de 5.000.000 em 8ml de água destilada (lembrando que essa quantidade de Penicilina Cristalina acrescenta 2ml de pó, que dará um toal de 10ml) então fica assim:
PC 5.000.000 ____________________ 8ml AD + 2ml pó = 10 ml
x _____________________ 1 ml
(faça a conta cruzando os valores, multiplicando-os cruzado), que fica assim:
x . 10 = 5.000.000 . 1
x. 10 = 5.000.000
(depois, divida o resultado da direita pelo valor de x à esquerda), que fica assim:
5.000.000
x =___________
10
x = 500.00 (lê-se) Quinhentas mil unidades internacionais ( Já diminuiu 10 vezes. Esse é o valor que temos agora em 1 ml da diluição)
Agora sim, é que vamos rediluir a medicação, esse 1 ml em outros 9 ml de AD (água destilada), e, desse total, vamos ver quanto haverá novamente em 1 ml
2o Passo:
Aspirar 1 ml desta solução (que corresponde a 500.000UI de PC) e rediluir em 9 ml de AD. Novamente descobrir quanto terei em cada ml.
PC 500.000 _____________ 1ml + 9 ml AD = 10 ml
x ______________ 1 ml (faz-se a multiplicação cruzada)
x . 10 = 500.000 . 1
x . 10 = 500.000
x = 500.000
_________
10
x = 50.000 (lê-se "cinquenta mil unidades internacionais").
Você lembra que a PM é de 30.000 UI (trinta mil unidades internacionais), agora estamos chegando perto! Por enquanto, nesse segundo passo, temos 50 mil UI em 1m, então, vamos trabalhar com esse 1 ml para chegar a quantidade de PC que precisamos, como fazer?
3o Passo:
Aspirar 1 ml desta solução (que contém 50.000UI de PC), descobrir quanto tenho que aspirar desse 1 ml para ter 30.000, aspirar esse tal valor e rediluir com mais água destilada ou SF 0,9% - de acordo com o protocolo da instituição - e por pra infundir, de preferência em bomba de seringa:
PC 50.000 UI ___________ 1 ml
Tenho 30.000 UI___________ ? X ml (multiplica-se cruzando os valores) fica assim:
x . 50 = 30.000 . 1
x 50.000 = 30.000
x = 30.000
______________ (dividido por)
50.000
x = 0,6ml
Preparo: Aspirarei então (dessa rediluição onde tenho 50.000 UI em cada 1 ml) 0,6 ml. Terei nesse 0,6 ml 30.000UI de Penicilina Cristalina que é a prescrição médica, porém, não posso administrá-lo assim, preciso aspirar essa dose com a seringa de 1 ml (própria para insulina de 100UI) até a marca de 60 UI que é igual a 0,6 ml. Também já preparo outra seringa de 10 ml e injeto esse 0,6 ml de PC nesta seringa de 10 ml e completo com SF 0,9% ou AD até a marca de 5 ml. Identifico corretamente a seringa com os dados da medicação prescrita e os dados do RN de acordo com o prontuário.
Antes de administrar, preciso me certificar de que o acesso venoso do RN está permeável e sem sinais flogísticos;
Preencher completamente o extensor da bomba de seringa com a medicação, tirando todo o ar;
Acoplar corretamente a seringa na bomba, no local exato e travando-a adequadamente;
Programar a bomba corretamente com: o volume total a ser infundido (nesse caso 5 ml), o tempo em que deve correr a solução ( 30 minutos, por exemplo), e o tipo de seringa que estou utilizando na bomba, nesse exemplo, seria a BD 10 ml, a bomba calculará automaticamente pra mim, quantos ml serão administrados por minuto e fica só aguardando que eu aperte o botão iniciar.
Conecto o extensor que já está conectado à seringa no acesso do RN (após todas as checagens já descritas);
Aperto o botão para iniciar a infusão da medicação;
Quando faltar aproximadamente 1 ml ( que é aprox. a quantidade de medicação final que estará no extensor) o alarme da bomba soará, porque a mesma entenderá que a medicação da seringa acabou e ainda falta 1 ml então aspiro mais 1 ml na seringa BD e aperto o botão para continuar a infusão da bomba de seringa, esta então, irá infundir agora a medicação restante no extensor até chegar a soma os 5 ml previamente programados para correr, e, o SF que sobrar, neste casom, serviu apenas para que a bomba infundisse toda a medicação, incluindo a que estava no extensor (nada mais, nada menos).
Exemplo 2
A PM é de 180.000UI de PC EV para RN de 8 dias para tratar sífilis. A disponibilidade é o frasco de 5.000.000 UI já diluido em 8ml de AD (guardado em geladeira após reconstituição), quanto aspiro, e em quanto rediluo para administrar no RN por bomba de seringa em 1 hora.
1. Faço a conta para ver quanto é em ml 180.000UI de PC do frasco que já disponho.
Tenho 5000.000UI 10ml (8ml AD + 2ml pó)
A PM 180.000UI xml
5000.000. X = 180.000.10 (lê-se cento e oitenta mil unidades internacionais)
5.000.000X = 1.800.000 (lê-se um milhão e oitocentas mil unidades internacionais)
X = 1.800.000 : 5.000.000 = 0,36 ml
Resposta: Devo aspirar 0,36 ml de PC na seringa de 1ml e rediluir com SF 0,9% até completar 5ml em seringa BD de 10 ml para instalar na bomba de seringa programada para correr em 1 hora.
Resumo sobre a administração da Penicilina Cristalina em Neonatologia e Pediatria
8mL de diluente.
Dentre os processos matemáticos, a regra de três é a mais utilizado para a resolução de problema
envolvendo a diluição de medicamentos. A regra de três consiste em relacionar grandezas
– Qual volume representa 20mg de gentamicina, considerando a ampola de 80mg/2mL?
Para resolver a situação 1, é preciso utilizar uma regra de três envolvendo a relação concentração/
volume (mg/mL), veja a regra de três aplicada a esse caso:
Aplicando a regra de três, teremos:
80mg – 2mL (Tenho 80mg em 2ml)
20mg – x (Terei 20mg - que é a PM em quantos ml?)
80x = 20 * 2 Cruzo os valores e multiplico entre eles
x = 40/80 Divido o resultaado obtido (do lado direito) pelo obtido (do lado esquerdo)
x = 0,5mL Encontro o resultado
Resposta: 20mg da ampola de gentamicina 80mg/2mL é igual a 0,5mL.
Só tem dúvidas aquele que sabe!
Toda dúvida com relação à administração de medicamentos precisa ser valorizada. Por isso
salientamos que:
■ ■ ■ ■ ■ nenhum medicamento deve ser administrado enquanto os cálculos não forem refeitos e as dúvidas
não forem sanadas;
■ ■ ■ ■ ■ é necessário ter disponível material bibliográfico para consulta nas unidades onde esse
procedimento é realizado;
■ ■ ■ ■ ■ conforme o caso, discutir com os demais profissionais envolvidos, como farmacêuticos e médicos;
■ ■ ■ ■ ■ é importante ter sempre à disposição, nos locais de preparo e administração de medicamentos,
calculadoras para a realização dos cálculos e manuais para consulta específica.
Antes de administrar, preciso me certificar de que o acesso venoso do RN está permeável e sem sinais flogísticos;
Preencher completamente o extensor da bomba de seringa com a medicação, tirando todo o ar;
Acoplar corretamente a seringa na bomba, no local exato e travando-a adequadamente;
Programar a bomba corretamente com: o volume total a ser infundido (nesse caso 5 ml), o tempo em que deve correr a solução ( 30 minutos, por exemplo), e o tipo de seringa que estou utilizando na bomba, nesse exemplo, seria a BD 10 ml, a bomba calculará automaticamente pra mim, quantos ml serão administrados por minuto e fica só aguardando que eu aperte o botão iniciar.
Conecto o extensor que já está conectado à seringa no acesso do RN (após todas as checagens já descritas);
Aperto o botão para iniciar a infusão da medicação;
Quando faltar aproximadamente 1 ml ( que é aprox. a quantidade de medicação final que estará no extensor) o alarme da bomba soará, porque a mesma entenderá que a medicação da seringa acabou e ainda falta 1 ml então aspiro mais 1 ml na seringa BD e aperto o botão para continuar a infusão da bomba de seringa, esta então, irá infundir agora a medicação restante no extensor até chegar a soma os 5 ml previamente programados para correr, e, o SF que sobrar, neste casom, serviu apenas para que a bomba infundisse toda a medicação, incluindo a que estava no extensor (nada mais, nada menos).
Exemplo 2
A PM é de 180.000UI de PC EV para RN de 8 dias para tratar sífilis. A disponibilidade é o frasco de 5.000.000 UI já diluido em 8ml de AD (guardado em geladeira após reconstituição), quanto aspiro, e em quanto rediluo para administrar no RN por bomba de seringa em 1 hora.
1. Faço a conta para ver quanto é em ml 180.000UI de PC do frasco que já disponho.
Tenho 5000.000UI 10ml (8ml AD + 2ml pó)
A PM 180.000UI xml
5000.000. X = 180.000.10 (lê-se cento e oitenta mil unidades internacionais)
5.000.000X = 1.800.000 (lê-se um milhão e oitocentas mil unidades internacionais)
X = 1.800.000 : 5.000.000 = 0,36 ml
Resposta: Devo aspirar 0,36 ml de PC na seringa de 1ml e rediluir com SF 0,9% até completar 5ml em seringa BD de 10 ml para instalar na bomba de seringa programada para correr em 1 hora.
Resumo sobre a administração da Penicilina Cristalina em Neonatologia e Pediatria
A penicilina G sódica e potássica é um antibiótico muito usado por via IV em pediatria. O frasco é
de 5.000.000UI, e as doses pediátricas variam de 100.000UI a 400.000UI/kg/dia. Sua apresentação
é em forma de pó liofilizado que deve ser reconstituído com um diluente compatível. A solução
resultante dessa reconstituição precisa ser acrescida a um veículo compatível antes de sua infusão.
Esse veículo pode ser SF a 0,9% na proporção de 10.000UI/mL. A infusão IV deve ser em
aproximadamente 60 minutos.
Ao diluir a penicilina G sódica e potássica, deve-se considerar a alteração de volume
que ocorre quando a mesma é reconstituída. O pó liofilizado do fármaco acresce cerca
de 2mL ao volume do diluente adicionado. Neste caso, para obter uma concentração de
5.000.000UI de penicilina cristalina em 10mL de solução, deve-se acrescentar ao frasco
8mL de diluente.
Dentre os processos matemáticos, a regra de três é a mais utilizado para a resolução de problema
envolvendo a diluição de medicamentos. A regra de três consiste em relacionar grandezas
proporcionais em que são conhecidos três termos, e a relação matemática entre eles permite
determinar o quarto termo (desconhecido). As grandezas mais relacionadas entre si em cálculos
de medicamentos pela enfermagem são concentração/volume (mg/mL) ou volume/tempo (mL/
hora ou mL/minuto). A seguir apresentam-se situações de aplicação da regra de três.
Exemplo situacional
1– Qual volume representa 20mg de gentamicina, considerando a ampola de 80mg/2mL?
Para resolver a situação 1, é preciso utilizar uma regra de três envolvendo a relação concentração/
volume (mg/mL), veja a regra de três aplicada a esse caso:
Aplicando a regra de três, teremos:
80mg – 2mL (Tenho 80mg em 2ml)
20mg – x (Terei 20mg - que é a PM em quantos ml?)
80x = 20 * 2 Cruzo os valores e multiplico entre eles
x = 40/80 Divido o resultaado obtido (do lado direito) pelo obtido (do lado esquerdo)
x = 0,5mL Encontro o resultado
Resposta: 20mg da ampola de gentamicina 80mg/2mL é igual a 0,5mL.
Só tem dúvidas aquele que sabe!
Toda dúvida com relação à administração de medicamentos precisa ser valorizada. Por isso
salientamos que:
■ ■ ■ ■ ■ nenhum medicamento deve ser administrado enquanto os cálculos não forem refeitos e as dúvidas
não forem sanadas;
■ ■ ■ ■ ■ é necessário ter disponível material bibliográfico para consulta nas unidades onde esse
procedimento é realizado;
■ ■ ■ ■ ■ conforme o caso, discutir com os demais profissionais envolvidos, como farmacêuticos e médicos;
■ ■ ■ ■ ■ é importante ter sempre à disposição, nos locais de preparo e administração de medicamentos,
calculadoras para a realização dos cálculos e manuais para consulta específica.
Preparar e administrar medicamentos em adultos tem a vantagem de os fármacos serem
comercializados em concentrações padronizadas, o que diminui o risco de erro ou
contaminação. No caso de recém-nascidos e de crianças pequenas, esse risco é maior
devido à necessidade de uma dosagem muito menor do que a apresentação do
medicamento comercializado, gerando a necessidade de diferentes etapas de cálculos
e de maior manipulação das soluções. Veja abaixo:
Diferenças entre os cálculos e o preparo de uma medicação para um adulto e um recém nascido:
O medicamento é a Amicacina, perceba a enorme diferença entre a dose prescrita, o que torna muito mais "complexo" o cálculo em neonatologia:
Prescrição:
■ ■ ■ ■ ■ Adulto: Amicacina 500mg IV de 8/8horas.
■ ■ ■ ■ ■ Recém-nascido: Amicacina 30mg IV de 8/8 horas.
Dados necessários para administração do medicamento com segurança:
■ ■ ■ ■ ■ Apresentação: Amicacina 500mg/2mL (ampola).
■ ■ ■ ■ ■ Diluentes compatíveis: SF a 0,9%, SG a 5%, AD.
■ ■ ■ ■ ■ Tempo de infusão: 30 a 60 minutos. Segundo Capobianco e Tacla (2005), em crianças menores de 1
ano, o tempo de infusão deve ser de 1 a 2 horas.
■ ■ ■ ■ ■ Concentração da infusão a ser infundida: 2,5 a 5mg/mL.
■ ■ ■ ■ ■ Amicacina não deve ser administrada por via IV direto.
No caso do adulto, não há necessidade de cálculos para se conhecer o total de volume a aspirar da
ampola (se aspira todo o conteúdo). É necessário calcular o volume do solvente a ser adicionado ao
fármaco e definir o tempo de infusão. Como a dose sempre é padrão, o volume do diluente será
100mL se considerada a concentração de 5mg/mL ou 200mL no caso de 2,5mg/mL.
No caso do recém-nascido, para se administrar a dosagem prescrita, é necessário:
1. Calcular qual volume (mL) da ampola de amicacina 500mg/2mL representa30mg.
2. Esse volume é passível de ser aspirado com as seringas disponíveis na unidade? Em caso
positivo, aspirar esse volume e ir para o item 4; em caso negativo, ir para o item 3.
3. Caso a unidade não disponha de seringa com graduação adequada, é necessário: definir e
aspirar o volume correspondente a uma concentração maior do que a prescrita; diluir essa
concentração aspirada em um volume previamente definido de diluente compatível; calcular e
aspirar o volume correspondente à concentração prescrita.
4. Após definir esse volume (item 2 ou 3), já se conhecendo o diluente (veículo) compatível,
calcular em que volume do diluente o fármaco aspirado deve ser rediluído (considerando a
recomendação de mg/mL indicado nos manuais institucionais ou na literatura científica).
5. Calcular o tempo de administração do fármaco (volume/minuto) de acordo com os materiais e equipamentos disponíveis na unidade. Neste caso é recomendado o uso de bomba de infusão pelo fato da dosagem e forma de gotejamento.
Fonte Bibliográfica: SILVA Marcelo Tardelli da & SILVA, Sandra Regina LPT - Cálculo e Administração de Medicações _ Editora Martinari, 3a ed. São Paulo, 2011